JEREMY BENTHAM

JEREMY BENTHAM
"NATURE HAS PLACED MANKIND UNDER THE GOVERNACE OF TWO SOVEREIGN MASTERS, PAIN AND PLEASURE. IT IS FOR THEM ALONE TO POINT OUT WHAT WE OUGHT TO DO, AS WELL AS TO DETERMINE WHAT WE SHOULD DO." (J. Bentham)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

TEMA 4. JEREMY BENTHAM E O PRINCÍPIO DE UTILIDADE

Caros Alunos,
Após a leitura do texto: “Introduction to the Principles of Morals and Legislation”, Chapter I - "The Principle of Utility", e Chapter IV - "Value of a Lot of Pleasure or Pain, How to be Measured",  disponível em: http://oll.libertyfund.org/index.php?option=com_staticxt&staticfile=show.php%3Ftitle=2009&Itemid=99999999
e

ttp://www.alcoberro.info/planes/bentham.htm

elabore seus comentários e envie para serem disponibilizados no Blog. Vc. tem até as 24hs. do dia 04 de março para realizar essa tarefa.

27 comentários:

  1. Apesar de parecer lógico o princípio de o homem buscar a (sua) felicidade, eu continuo não convencida de que o homem busca a felicidade da comunidade em geral. Além de que, penso que Bentham peca ao dizer que o princípio da utilidade não pode ser demonstrado. Lendo o Capítulo I de Uma introdução aos princípios da moral e da legislação me parece que Bentham vê o princípio da utilidade como um axioma:

    “Porventura, a justeza do referido princípio foi alguma vez formalmente contestada? Parece que sim, por parte daqueles que não sabiam o que diziam. Será este princípio suscetível de alguma demonstração direta? Parece que não. Com efeito, o princípio que se utiliza para demonstrar todas as outras coisas não pode ele mesmo ser demonstrado; uma cadeia de demonstrações deve ter o seu início em algum ponto. Consequentemente, fornecer uma tal demonstração é tão impossível quanto supérfluo” (BENTHAM, Jeremy. Uma introdução aos princípios da moral e da legislação. Os Pensadores, Abril Cultural, 1979. p.5.)

    Porém, como foi discutido em sala, o princípio de utilidade não explica certos comportamentos como o de psicopatas, sociopatas, o suicídio, entre outros. Portanto, o princípio não pode ser tratado como um axioma. Portanto, ao meu ver, Bentham se equivocou ao tratar o princípio como o início de uma demonstração.

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  2. Bentham desenvolveu uma teoria para a ética que é fundamentada na ideia de que a "Natureza colocou a humanidade sob o governo de dois mestres soberanos, dor e prazer. É só para eles que apontam o que devemos fazer, assim como determinam o que devemos fazer. Por um lado, o padrão de certo e errado, na cadeia os outros de causas e efeitos, são fixadas a seu trono. Eles nos governam em tudo que fazemos, em tudo o que dizemos, em tudo o que pensamos(Cap. 1)". Felicidade, de acordo com Bentham, é, portanto, uma questão de experimentação do prazer e da ausência de dor.
    Em suma, com base na ideia dos prazeres e dores, Bentham pensou que poderia construir um cálculo sobre o valor,o qual o professor Peluzo está tentando por em prática.
    Eu acho que comportamento como dos suicidas, sociopatas e etc... não desvirtuam a ideia fundamental do Bentham, porque, por exemplo, um masoquista faz o ato de dor para no final gerar prazer.

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  3. Concordo que o ser humano está sob o domínio de dois senhores soberanos: a dor e o prazer. E que por mais que tente se desvencilhar, sempre estará sujeito a um dos dois senhores.
    O princípio de utilidade reconhece esta sujeição do ser humano e propõe que este sempre optará por algo que maximize o prazer.
    A opção/ escolha é feita por meio de um "cálculo" mental onde são considerados os seguintes itens:
    Intensidade
    Duração
    Certeza ou Incerteza
    Proximodade no tempo ou longinquidade
    Fecundidade
    Pureza
    Extensão

    Logo, se, antes de fazermos uma escolha, realizarmos o cálculo com os elementos acima, sempre escolheremos a atitude mais útil, uma vez que temos a "tendência" de escolher aquilo que traz maior ganho, aquilo que mais agrada.
    Portanto, o princípio da utilidade aplicado nos termos concebidos por Bentham, sempre tende à maximização genuína do prazer. Não sendo possível obter um resultado contrário, pois somente o princípio da utilidade estabelece o que é reto e o que é errado.
    Entretanto, devemos sempre analisar todo princípio aplicado, assim como o resultado final, pois alguns podem ser, em muitos aspectos, semelhantes ao princípio da utilidade, mas produzem resultados muito diferentes. Um destes outros princípio, por exemplo, é o da simpatia e
    antipatia, no qual, por diversas vezes, os argumentos podem ser bem próximos aos argumentos do princípio de utilidade. Contudo, a preocupação última do princípio da antipatia e da simpatia, não é a maximização do prazer, mas sim se uma atitude lhe parece boa ou não como o fim em si e mais nada, não importando as consequências e
    desdobramentos da atitude.

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  4. “Nature has placed manind under the governace of two sovereign masters, pain and pleasure... The principle of utility[1] recognizes this subjection, and assumes it for the foundation of that system, the object of which is to rear the fabric of felicity by the hands of reason and of law. Systems which attempt to question it, deal in sounds instead of sense, in caprice instead of reason, in darkness instead of light.But enough of metaphor and declamation: it is not by such means that moral science is to be improved.” Principles of morals and legislation. BENTHAM, Jeremy.

    “Daí em diante, passe a desprezar o intelectualismo com intensidade cada vez maior, porque ele confere um privilégio absurdo às especulações da razão sobre a experiência do Mundo, aos devaneios da reflexão abstrata sobre o bom senso e os ensinamentos da vida... As complicações sutis das filosofias abstrusas parecem-me um --desperdício-- de inteligência... Cegas de não ver o Mundo em que os homens vivem... elas se perdem na verborragia ociosa e --inútil-- de suas falas delirantes... Tales observava os astros e, olhos no céu, acabou por cair num poço, provocando o riso de uma jovem trácia, que zombou de sua preocupação pelas coisas celestes, quando o que esta a seus pés lhe escapava... Os filósofos converteram Tales em pai da filosofia... Mas cabe da mesma fábula uma outra interpretação. Cabe nela ver o prenúncio daquela trágica alienação que levou a filosofia ao esquecimento do Mundo. Passei a admirar a sabedoria da pequena trácia. Ela merece, ainda hoje, toda a minha simpatia.” Rumo ao Ceticismo. PORCHAT, Oswaldo. Editora Unesp, 2007. Pg 34-35

    Pude concordar com Hume. Posso concordar que, assim como dirá Bentham, entre dores a evitar e prazeres a satisfazer, essa experiência de mundo possa ser meu guia nas justificações de minha conduta e na minha relação com o mundo. Não só por que julgo ser assim, mas principalmente por que, mesmo que eu não queira, ela se faz assim. Este é o grande diferencial de uma ética utilitarista, este certo sentido de realismo moderado e, também em conjunto, este seu ceticismo moderado, também advindo de Hume. O que trata de se valorizar aqui, em larga medida, é a nossa experiência de mundo, nossas dores e nossos prazeres, nossos medos e nossos desejos, e as consequências que causamos e de sabermos que eles existem, não de especular abstrusamente sobre a sua existência e demonstração ou sequer cogitar suspender o juízo sobre eles. Existimos, vivemos, e isto tem seu valor, isso é que deve ser maximizado. E esta lição do utilitarismo é admirável, esta noção de empolgação pela vida e de querer desfruta-lá, só que, ao mesmo tempo, querer que esta filosofia se generalize, melhores nossas condições de vida-- se aplicando ao maior número possível, por meio de sistemas, aparelhos, avaliações matemáticas das escolhas e consequências.

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  5. E é no quesito “como?”, estas pequenas formulações, estes sistemas e aparelhos criados que na verdade me revolto, que me assustam, que repudio, que sou, por fim, cético. Hume deu um excelente ponto de partida, mas Bentham talvez o tenha levado longe demais. O que se deva, talvez, às intenções de Bentham, uma vez que ele não era somente um pensador, um filósofo, mas um jusfilósofo, um policy maker, i.e. alguém com tremenda crença nas instituições, mais do que propriamente em pessoas. E é sobre as instituições, ou as reformas gerenciais delas, que recaem as atenções de Bentham: a prisão, o direito, a escola, o sistema previdenciário e etc. Instituições que, podemos concordar, hoje se fazem pesadas sobre as pessoas – causando sofrimento onde muitas vezes a alternativa prazerosa seria mais simples e desejável. Talvez o algo aqui pensando seria um institucionalismo humeano mais que benthaniano, algo que ainda conservasse o realismo moderado, mas posse um limite às razões institucionais, ao que Bentham chama de princípios, fazendo-as escravas das paixões e satisfações humanas, evitando-lhe as suas durezas e friezas características. Cabe hoje avaliarmos os benefícios e malefícios das instituições construídas. O que talvez seja difícil ou pouco pragmático, ou ainda talvez eu esteja sendo muito duro aplicar o olhar deste século XXI ao olhar do séc XVIII, mas também hoje, podemos reconhecer, se faz necessário aquela visão reformadora das instituições que o próprio Bentham possuía, e que não se esqueça dos pontos iniciais: a aprovação do prazer, o que traz melhores consequências à maioria e a luta contra a dor, o sofrimento, os males, as perdas, a crueldade, os preconceitos, as doenças, a fome, as injustiças e o reconhecimento que as instituições tem um grande papel como promulgadora do prazer, todavia há a sua outra face vitimizadora das experiências do mundo.

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  6. Quando Bentham proclama sua tão mencionada sentença: “A Natureza colocou a humanidade sob o governo de dois mestres soberanos, dor e prazer” inferimos que para o Utilitarismo somos intrinsecamente assim, pois nossa sujeição a esse governo é algo presente em nossa própria constituição natural. Por nossas afecções morais (conceito humeano) serem demasiado abstratas é necessário um referencial onde o que predomina é a razão humana. Onde o fazer, o falar e até mesmo o pensar é regido e não pode fugir à máxima da busca do prazer e fuga da dor. Somente através de nossa sujeição à essa regra é que o 'tecido da felicidade' pode ser 'produzido' através dos 'fios' da razão e da lei. Deixemos as metáforas de lado, pois Bentham as abomina embora as use. Basicamente temos a ideia de que a razão se expressa na lei. Sendo que a lei aqui é um recurso ou artifício para orientar-nos. Das leis surgem as instituições que assim como elas teriam o papel de nos disciplinar e nos levar a tão almejada felicidade.

    Como estudantes de Filosofia nos vemos no dever de analisar argumentos, problemas e teorias acerca até mesmo de nossos conceitos mais básicos (nesse caso o de bem e mal). Contudo para Jeremy Bentham quem questiona essa metodologia e a acusa de demasiado racional apenas faz barulho. Os contestadores assim seriam guiados pelos seus caprichos preferindo uma postura cética/irracional escondendo-se assim na escuridão. Esconder-se na escuridão, de fato, se parece bem metafórico. Mas enfim, é importante saber que para ele o aprimoramento da ciência moral se dá acima de tudo pelo desenvolvimento do princípio da utilidade. E que este princípio - por ser algo que prova nossas atitudes - por si só não pode ser provado. Provar isso seria o mesmo que afirmar o consequente de uma sentença, ou seja, uma petição de princípio. Desta forma o simples fato de contestá-la faz com que ela se reafirme. Pois não haveria outra ideia para colocarmos em seu lugar. Acredito que o desagrado que essa teoria pode provocar deva-se principalmente ao seu pretenso caráter impositivo. Daqui nos vem sua aparência axiomática. Assim como nos gera, por vezes, repugnância a maneira de atuar impositiva e nada prazerosa que algumas instituições sociais possuem (assunto para próximas postagens).

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  7. (Continuação)...

    É notório que a teoria Utilitarista se apresenta demasiado plausível quanto ao tocante de sua máxima. De fato não apenas nós, seres humanos, como também outros animais por sua própria natureza buscam aquilo que lhes traz bem-estar e fogem do que lhes causa dor. Todavia é importante ressaltar que não há uma teoria consensual do que seja o bem ou o mal, ainda que em sociedade a noção de preferível e de abominável sejam, em grande parte das vezes, convergentes. Tem-se que o aperfeiçoamento do princípio da utilidade se dá através de um 'cálculo felicífico'. Deste modo em nossas escolhas seriam levadas em consideração sete variáveis que nos auxiliariam a chegar ao resultado almejado – o prazer. São essas variáveis: intensidade, duração, certeza ou incerteza, proximidade no tempo ou longinquidade, fecundidade, pureza e por fim extensão.

    Aqui surgem diversas críticas que acusam a visão de demasiado fria ou racional. Mas para Bentham aqueles que a criticam o fazem por falta de compreensão, preconceito ou por simples temor de examinar a questão. Não concordo, por considerar importante a contestação para o desenvolvimento de uma racionalidade crítica. Negar isso seria impor a outros uma realidade que julga-se como certa. Assim como nos disse K. R. Popper “entre todos os ideais políticos, o de fazer as pessoas felizes talvez seja o mais perigoso. Invariavelmente leva a tentativa de impor aos demais a nossa escala de valores “superiores” para levá-los a perceber o que consideramos mais importante para a sua felicidade” (Textos Escolhidos – Popper; Miller, David pp. 41).

    Através disso posso inferir que a intenção de Bentham é nobre. E a necessidade de uma metodologia é aceitável a medida que se faz necessária para a implementação de medidas de governo. Ou seja, para transformar a teoria em prática aumentando não só o bem-estar coletivo como também o individual. Mas creio que supor que exista uma racionalidade universal ou então escolher o que seria preferível; visar ás instituições ou os indivíduos; são debates que se apresentam um tanto quanto obscuros por nos abrirem margem para muitos outros debates.

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  8. “Introduction to the Principles of Morals and Legislation”, Chap. IV, J. Bentham.

    CHAPTER IV.

    VALUE OF A LOT OF PLEASURE OR PAIN, HOW TO BE MEASURED.

    I. PLEASURES then, and the avoidance of pains are the ends which the legislator has in view: it behoves him therefore to understand their value. Pleasures and pains are the instruments he has to work with: it behoves him therefore to understand their force, which is again, in another point of view, their value.
    II. To a person considered by himself, the value of a pleasure or pain considered by itself, will be greater or less, according to the four following circumstances:*
    • 1. Its intensity.
    • 2. Its duration.
    • 3. Its certainty or uncertainty.
    • 4. Its propinquity or remoteness.
    III. These are the circumstances which are to be considered in estimating a pleasure or a pain considered each of them by itself. But when the value of any pleasure or pain is considered for the purpose of estimating the tendency of any act by which it is produced, there are two other circumstances to be taken into the account; these are,
    5. Its fecundity, or the chance it has of being followed by sensations of the same kind: that is, pleasures, if it be a pleasure: pains, if it be a pain.
    6. Its purity, or the chance it has of not being followed by sensations of the opposite kind: that is, pains, if it be a pleasure: pleasures, if it be a pain.
    These two last, however, are in strictness scarcely to be deemed properties of the pleasure or the pain itself; they are not, therefore, in strictness to be taken into the account of the value of that pleasure or that pain. They are in strictness to be deemed properties only of the act, or other event, by which such pleasure or pain has been produced; and accordingly are only to be taken into the account of the tendency of such act or such event.
    IV. To a number of persons, with reference to each of whom the value of a pleasure or a pain is considered, it will be greater or less, according to seven circumstances: to wit, the six preceding ones; viz.
    • 1. Its intensity.
    • 2. Its duration.
    • 3. Its certainty or uncertainty.
    • 4. Its propinquity or remoteness.
    • 5. Its fecundity.
    • 6. Its purity.
    And one other; to wit:
    7. Its extent; that is, the number of persons to whom it extends; or (in other words) who are affected by it.
    V. To take an exact account, then, of the general tendency of any act, by which the interests of a community are affected, proceed as follows. Begin with any one person of those whose interests seem most immediately to be affected by it: and take an account.
    1. Of the value of each distinguishable pleasure which appears to be produced by it in the first instance.
    2. Of the value of each pain which appears to be produced by it in the first instance.
    3. Of the value of each pleasure which appears to be produced by it after the first. This constitutes the fecundity of the first pleasure and the impurity of the first pain.
    4. Of the value of each pain which appears to be produced by it after the first. This constitutes the fecundity of the first pain, and the impurity of the first pleasure.
    5. Sum up all the values of all the pleasures on the one side, and those of all the pains on the other. The balance, if it be on the side of pleasure, will give the good tendency of the act upon the whole, with respect to the interests of that individual person; if on the side of pain, the bad tendency of it upon the whole.

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  9. (cont.)

    6. Take an account of the number of persons whose interests appear to be concerned; and repeat the above process with respect to each. Sum up the numbers expressive of the degrees ofgood tendency, which the act has, with respect to each individual, in regard to whom the tendency of it is good upon the whole: do this again with respect to each individual, in regard to whom the tendency of it is good upon the whole: do this again with respect to each individual, in regard to whom the tendency of it is bad upon the whole. Take the balance; which, if on the side ofpleasure, will give the general good tendency of the act, with respect to the total number or community of individuals concerned; if on the side of pain, the general evil tendency, with respect to the same community.
    VI. It is not to be expected that this process should be strictly pursued previously to every moral judgment, or to every legislative or judicial operation. It may, however, be always kept in view: and as near as the process actually pursued on these occasions approaches to it, so near will such process approach to the character of an exact one.
    VII. The same process is alike applicable to pleasure and pain, in whatever shape they appear; and by whatever denomination they are distinguished: to pleasure, whether it be called good (which is properly the cause or instrument of pleasure), or profit (which is distant pleasure, or the cause or instrument of distant pleasure), or convenience, or advantage, benefit, emolument, happiness, and so forth: to pain, whether it be called evil (which corresponds to good), or mischief, or inconvenience, or disadvantage, or loss, or unhappiness, and so forth.
    VIII. Nor is this a novel and unwarranted, any more than it is a useless theory. In all this there is nothing but what the practice of mankind, wheresoever they have a clear view of their own interest, is perfectly conformable to. An article of property, an estate in land, for instance, is valuable: on what account? On account of the pleasures of all kinds which it enables a man to produce, and, what comes to the same thing, the pains of all kinds which it enables him to avert. But the value of such an article of property is universally understood to rise or fall according to the length or shortness of the time which a man has in it the certainty or uncertainty of its coming into possession: and the nearness or remoteness of the time at which, if at all, it is to come into possession. As to the intensity of the pleasures which a man may derive from it, this is never thought of, because it depends upon the use which each particular person may come to make of it; which cannot be estimated till the particular pleasures he may come to derive from it, or the particular pains he may come to exclude by means of it, are brought to view. For the same reason, neither does he think of the fecundity or purity of those pleasures.
    Thus much for pleasure and pain, happiness and unhappiness, in general. We come now to consider the several particular kinds of pain and pleasure.
    [* ]These circumstances have since been denominated elements or dimensions of value in a pleasure or a pain.

    Not long after the publication of the first edition, the following memoriter verses were framed, in the view of lodging more effectually, in the memory, these points, on which the whole fabric of morals and legislation may be seen to rest.
    • Intense, long, certain, speedy,fruitful, pure
    • Such marks in pleasures and in pains endure.
    • Such pleasures seek, if private be thy end:
    • If it be public, wide let them extend.
    • Such pains avoid, whichever be thy view:
    • If pains must come, let them extend to few.

    FIM

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  10. A ética, tal qual a concebo, e tal qual ela me parece haver sido em geral concebida no ocidente, consiste na tentativa de responder a duas questões principais -- e, portanto, também às muitas outras questões que as respostas que se proponham a essas duas primeiras suscitem. Creio, todavia, que uma moral estará já suficientemente determinada por suas respostas para essas duas. São elas:

    1. "O que devo fazer?"

    2. "Por que devo fazê-lo?"

    À primeira questão o utilitarismo responde com a afirmação de que o que devo fazer é maximizar a felicidade do maior número; à segunda, responde com a afirmação de que o que devo fazer coincide sempre com o que eu de qualquer modo faria, se pudesse antecipar corretamente todas as consequências relevantes de minhas escolhas e atos. Em outros termos, o utilitarismo parece-me sustentar que, nas condições cognitivas adequadas, a resposta que se teria para uma dessas questões bastaria já a se determinar inequivocamente a resposta que se teria para a outra. Nesse sentido, aliás, é que me parece que o ser e o dever-ser coincidiriam, como Bentham pretende que coincidam.
    A dificuldade do utilitarismo, em minha opinião ao menos, é que absolutamente não é óbvio que essas coisas coincidiriam no sentido relevante, mesmo que nós pudéssemos nos encontrar nas condições cognitivas adequadas: e isto porque não é óbvio para mim que nós quereríamos então maximizar a felicidade do maior número.
    Eu posso facilmente conceder que nós, humanos, queremos sempre maximizar a NOSSA própria felicidade; não é óbvio, porém, que a maximização de nossa própria felicidade envolva sempre a maximização da felicidade de mais alguém, e muito menos que envolva a do maior número.
    Supondo que porventura nós todos, que vivemos em sociedade, nos encontrássemos na condição de anteciparmos todas as consequências relevantes de nossas escolhas e atos, então é talvez óbvio que a maximização de minha felicidade e a do maior número coincidiriam: mas, isto, apenas de modo muito acidental, porque bastaria a mim me preocupar com a maximização de minha felicidade para que, na medida em que todos nós estaríamos então fazendo o mesmo, eu contribuísse suficientemente para a maximização da felicidade do maior número.
    O problema é que essas não são condições reais de ação. Em condições reais de ação, raramente é óbvio (e por vezes precisamente o contrário parece sê-lo) que o ato que maximizaria minha felicidade e a felicidade do maior número coincidam. Isso é uma dificuldade séria, para uma ética que se pretenda empírica. Em verdade, o utilitarismo (o de Bentham, ao menos) parece-me carecer de base empírica precisamente para sustentar justamente isso -- que, em situações reais de ação, o mesmo que valeria para a situação de racionalidade plena valeria ainda.
    Do mais, porque o "maior número" da resposta à primeira questão é um número essencialmente aberto, nada parece impedir, em princípio ao menos, que esse "maior número" inclua as gerações futuras. Mas, nesse caso, também nada no utilitarismo de Bentham proibiria que a "máxima felicidade do maior número" implicasse, em algum caso, a necessidade de simplesmente se sacrificar uma geração inteira com misérias para que outra geração pudesse, no cômputo geral, superá-la em felicidade; e, uma vez que os prazeres certos devem-se preferir aos incertos segundo Bentham, não é improvável que a coisa certa a se fazer, nesse caso, fosse reservar, se possível, todas as misérias para as gerações futuras. O utilitarismo, nesse caso, corroboraria o modo absolutamente predatório e irresponsável como nossa civilização vem-se conduzindo desde a revolução industrial.
    Estou certo de que o utilitarismo tem boas respostas para estas minhas objeções. Mas eu mesmo ainda não fui capaz de encontrar essas respostas (e muitas outras que desejaria), e por isso é que compartilho minhas questões com vocês.

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    Respostas
    1. Caro Pedro,
      Concordo plenamente com Vc. que o Utilitarismo, o de Bentham, pelo menos, pretende fazer coincidir, na situação ideal, o que devo fazer com as razões pelas quais devo fazê-lo. E mais, com aquilo que, de fato fazemos. Primeiro, se não fazemos o que deve ser feito e, portanto, não seguimos as razões verdadeiras, então, não agimos de forma correta. Isto é, não agimos como autênticos agentes morais e perfeitos seres humanos. Donde se pode concluir que atos imorais são atos de seres racionalmente imperfeitos. Segundo, e aqui vai o ponto em que concordo com Vc,. as verdadeiras razões para agir somente podem apontar o que deve feito. O moralmente certo. Contudo, nem sempre temos as razões verdadeiras e nem sempre praticamos o que deve ser feito.
      Discordo de Vc. que é uma dificuldade do Utilitarismo o fato de que não é óbvio, como parecem pretender os utilitaristas, que, mesmo em condições cognitivas adequadas o ser e o dever ser coincidam “...e isto porque não é óbvio para mim que nós quereríamos então maximizar a felicidade do maior número.” De fato, não é óbvio que, em condições cognitivas adequadas, o ser e o dever ser coincidem. Compete a razão demonstrar que coincidem; é um princípio que o ser e o dever ser coincidem. E os princípios não precisam ser justificados. Não há como justifica-los. Eles são o princípio. Eles podem ser explicados e compete à razão fornecer as demonstrações de que isso ocorre. Mas, não compete a razão justifica-los, isto é, mostrar que eles são dessa forma e é assim que eles devem ser. Ademais, os princípios não precisam ser óbvios. Os princípios são pontos de partida que seriam, supostamente, de bom senso (senso comum) [enough of declamation!]; ou melhor, são afirmações que os nossos interlocutores estariam dispostos a aceitar; ainda que, somente, em uma primeira aproximação. É a explicitação dos princípios que nos faz aceita-los como pontos de partida razoáveis para a construção da legitimação das nossas crenças. Tudo depende de onde conseguimos chegar com eles. Não há princípios válidos definitivamente. Eles são como as fundações de nossas construções cognitivas. Construções mais altas demandam fundações mais profundas.
      No mais, Vc. tem razão em afirmar que o Utilitarismo proposto por Bentham não garante seus desejos, crenças ou ideais morais. Mas, também não exclui a possibilidade de realiza-los. Raciocínios hipotéticos e construções ‘ad terrorem’ não oferecem riscos particulares ao Utilitarismo. Todas as éticas são passíveis desses tipos de argumentos.
      Creio que há algo faltando em sua análise. Talvez seja a convicção de que aquilo que o utilitarismo tenta ofertar seja algo que Vc. pensa que não é de seu interesse. Talvez Vc. ache que Vc. não deseja ser feliz, nem deseja ser benevolente, nem quer tirar o máximo da vida. Se esse for o caso, para os utilitaristas Vc. tem uma visão parcial de si mesmo.

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    2. Professor, suponha a seguinte situação: o senhor tem sob sua custódia um prisioneiro do qual o senhor sabe, por uma fonte confiável (o melhor serviço de inteligência militar disponível, digamos), que instalou bombas de grande poder destrutivo, que vão detonar em breve, em várias localidades de uma cidade muito populosa. Porque ele é o único envolvido conhecido na instalação das bombas, e porque se sabe que não há tempo de avançarem as investigações antes que as bombas detonem, o único modo conhecido de se evitar seguramente a detonação das bombas seria extrair do próprio prisioneiro a informação de qual seria sua localização. Ele, porém, é um terrorista extremamente treinado (ou irracionalizado, se o senhor assim preferir), e, ou confessará (se é que confessará) a localização das bombas sob tortura extrema, ou, simplesmente, não confessará.
      O que o senhor deveria fazer, nessa situação, segundo o utilitarismo?
      A situação descrita, eu a tirei de um filme, intitulado 'Ameaça terrorista' (o qual eu, aliás, recomendo a todos que estejam fazendo esta disciplina). No filme, o personagem da Carrie-Anne Moss faz a vezes de "consciência" do torturador vivido por Samuel L. Jackson. A ação do filme consiste na discussão, entre eles, sobre se seria ou não correta a intuição moral da personagem da Carrie-Anne Moss de que seria moralmente reprovável torturar, mesmo numa situação em que fazê-lo obviamente seria para a maior felicidade do maior número.
      Penso que o utilitarismo só pode responder a essa questão de duas maneiras: ou afirma (e prova) que a intuição moral da personagem da Carrie-Anne Moss é falsa, e que torturar, nessa situação, é moralmente correto -- pois, afinal, e ainda que não pareça, é para a maior felicidade do maior número --, ou afirma (e prova) que sua intuição moral é verdadeira, e que não torturar -- apesar das horrendas consequências de não fazê-lo -- é para a maior felicidade do maior número.
      Qualquer que seja a resposta, o impasse, por si só, já faz bem menos plausível, a meu ver, o pressuposto de que o moralmente correto é o que seja para a maior felicidade do maior número. Isto porque dizer que não torturar, nesse caso, seria para a maior felicidade do maior número é bem pouco plausível; mas dizer que torturar, nessa situação, seria moralmente correto também o é. Porque, pois, ambas as alternativas são implausíveis, por redução ao absurdo conclui-se (exceto se se possa torna plausível ao menos uma delas) que plausivelmente é falsa a suposição da qual decorreu o absurdo -- a suposição de que o moralmente correto é, em todos os casos, a maior felicidade do maior número, c.q.d.
      Bem sei que o utilitarismo é mais que essa única suposição. Essa, porém, é uma suposição tão central para o utilitarismo, que uma objeção como a que propus me faz duvidar bastante da possibilidade de seu sucesso como teoria ética.

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    3. Caro Pedro,
      Primeiro, quais as razões que levam Vc. à conclusão que o fato de gerar um impasse, isso, por si só, torna uma teoria ética bem menos plausível? é certo que os impasses revelam dificuldades das teorias morais. Contudo, essas teorias, principalmente, quando postas a prova em situações extremas, ou 'hard cases', como esse que Vc. sugere, via de regra ficam em situação de impasse. Os impasses existem e são desafios que precisam ser esclarecidos. Via de regra, são perguntas que não conhecemos as respostas. Em geral, as teorias poem problemas, com especial referência às teorias éticas.
      Ademais, quais as razões que levaram Vc. a concluir que "...dizer que não torturar, nesse caso, seria para a maior felicidade do maior número é bem pouco plausível; mas dizer que torturar, nessa situação, seria moralmente correto também o é." Certamente, se através da construção de argumentos morais chegarmos à conclusão que torturar é um procedimento que produz como resultado a felicidade do maior número, então, torturaremos. Caso nossas análises revelem o contrário, condenaremos os atos de tortura como imorais. É isso. Certamente, poder-se-á objetar que torturar (e não torturar) contrariam os nossos sentimentos morais. Bem, isso por princípio é impossível. Posto que, o senso moral e a razão coincidem, por princípio, teremos percebido de forma incorreta as nossas afecções morais. Lembre-se da sugestão de Hume: "...e que razão e sentimento confluem em quase todas as decisões e conclusões morais. É provável que a sentença final que julga caracteres e ações como amáveis ou odiosos, louváveis ou repreensíveis, aquilo que lhes impõe a marca da honra e da infâmia, da aprovação ou censura, aquilo que torna a moralidade um princípio ativo e faz da virtude nossa felicidade e do vício nossa miséria - é provável eu dizia, que essa sentença final se apoie em algum sentido interno ou sentimento que a natureza tornou universal na espécie inteira."An Enquiry Concerning the Principles of Morals, Section I) Assim, é preciso que o sentimento moral da humanidade seja um só. Somos Benvolentes. Sem essa pressuposição não há ética, não seremos seres morais, nem utilitaristas.
      Ainda, sua estratégia de expor o utilitarismo aos 'hard cases' é benvinda. Entretanto, é preciso lembrar que os 'hard cases' são situações extremas e que criam dificuldades para todas as teorias morais. Há que se examinar, também, os avanços que as diferentes teorias morais permitem na solução dos 'easy cases'. Examinar uma teoria moral é examinar uma teoria filosófica e isso implica em várias estratégias que permitem diferentes abordagens. É preciso, também, perguntar se a teoria moral resolve questões, quais as questões que resolve e que questões ela deixa insolúveis. É preciso ainda perguntar se ela resolve os problemas que os consideramos assim, e cuja solução é de nosso interesse.
      A ética utilitarista permite avanços àqueles que acreditam que é preciso ser feliz e que isso consiste em tirar o máximo prazer da vida.

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    4. As questões que o senhor propôs agora são metaéticas, e referem-se a nossas razões para reconhecer o sucesso ou insucesso de uma teoria.
      Eu, particularmente, espero de que uma teoria ética que ela seja capaz de fazer ao menos duas coisas: discriminar entre nossas crenças morais verdadeiras e falsas, e mostrar a coerência entre nossas crenças morais verdadeiras. Em particular, uma teoria ética não pode descreditar um número muito grande de nossas crenças morais verossímeis (isto é: aquelas que costumamos sustentar como sendo as mais importantes em nossos ordenamentos de crenças morais), sob pena de fazer-se ela mesma uma teoria inverossímil.
      Com isso, no geral, eu apenas sigo Nelson Goodman e John Rawls, em sua defesa do equilíbrio reflexivo entre teoria e fenômenos como critério do que seja uma boa teoria.
      Pois bem. Parecem, a princípio, ser ambas crenças morais verdadeiras, a crença de que devemos sempre promover a maior felicidade do maior número, e a de que devemos nunca torturar. A situação que propus é uma em que se tem que escolher entre relativizar ou a primeira ou a segunda dessas crenças, e, assim, ou admitir que nem sempre devemos promover a maior felicidade do maior número, ou admitir que às vezes podemos torturar.
      A questão, pois, é, simplesmente, qual dessas duas crenças morais verossímeis nós deveríamos relativizar: e eu, ao menos, sinto-me muitíssimo mais inclinado a relativizar minha crença de que devemos sempre promover a maior felicidade do maior número que a relativizar minha crença de que devemos nunca torturar.
      O que eu estou pedindo do senhor é, dessa feita, um argumento que mostre que estou fazendo a escolha errada, e que eu deveria admitir que às vezes podemos torturar, em vez de admitir que nem sempre devemos promover a maior felicidade do maior número.
      A força de minha objeção reside, enfim, precisamente em que, para responder a ela, o senhor NÃO pode assumir que o moralmente correto É a promoção da maior felicidade do maior número, pois então incorreria em petição de princípio.
      Note, aliás (mas o senhor talvez já o tenha notado), que em momento algum eu afirmei que da admissão do princípio da máxima felicidade decorrem as consequências que o utilitarista pretende que decorram. Eu estou, antes, apenas duvidando de que deveria admitir esse princípio.
      Isso, de resto, nada tem a ver com alguém ser ou não benevolente, e querer ou não ser feliz e ter o máximo de prazer na vida. Pelo contrário, pode-se facilmente conceder que: 1. felicidade é o máximo de prazer e o mínimo de dor; 2. cada um de nós deve promover a SUA máxima felicidade; 3. cada um de nós deve promover a felicidade de todas (por que só do maior número?) as outras pessoas, enquanto isso não implique diminuir a SUA PRÓPRIA felicidade.
      Isso, parece-me, É crer que "é preciso ser feliz e que isso consiste em tirar o máximo prazer da vida", e, portanto, essa que descrevi NÃO é uma pessoa que "não deseja ser feliz, nem deseja ser benevolente, nem quer tirar o máximo da vida": contudo, ela não acredita no princípio da maior felicidade do maior número. Parece-me ser falso, portanto, o pressuposto do seu argumento, de que se e somente se somos utilitaristas nós queremos ser felizes, benevolentes e ter o máximo de prazer na vida.

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  11. "(...)propiciar prazeres e evitar dores constituem os objetivos que o legislador tem em vista...". Deste modo se inicia o primeiro parágrafo do quarto capítulo de "Uma Introdução aos Princípios da Moral e da Legislação" de Jeremy Bentham, que buscava aplicar o método empírico para desenvolver a constituição de sua ciência moral.

    Para Bentham, por natureza, nós seres humanos estamos submetidos a "dois senhores", o prazer e a dor, e isto sempre, em toda e qualquer situação, tanto quando em ato, quanto quando em pensamento. Desta forma, o autor postula que, para sabermos o valor moral de nossas ações, devemos ter como finalidade o "princípio da maior felicidade", em que uma análise dos prazeres e das dores de todos os envolvidos deve ser considerada. Nesta conta, quando o resultado é positivo, ou seja, se têm mais prazer do que dor no somatório geral, uma ação é considerada boa.

    Para que seja feita uma boa análise dos valores do prazer e da dor, Bentham estabeleceu 7 critérios que devem ser levados em conta, são estes:

    (1) A intensidade
    (2) A duração
    (3) A certeza e a incerteza
    (4) A proximidade e ou a longinquidade no tempo
    (5) A fecundidade
    (6) A pureza
    (7) a extensão

    Desta maneira, Bentham pretende dar um caráter muito mais científico, baseando-se em fatos observáveis, para uma melhor compreensão das questões concernentes a moral.

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  12. Obs: por mais que seja controversa a semântica de Bentham, no presente texto, devemos considerar o termo "prazer" como significando "tudo aquilo que prefiro sentir a sentir nada" e o termo "dor" como significando "tudo aquilo que prefiro não sentir a sentir nada"
    Para compreender um pouco mais sobre a controversa semântica de Bentham, sugiro a leitura do seguinte artigo, de Amnon Goldworth, que pode ser visto no seguinte link: goo.gl/qANqC
    A UFABC possui convênio com o jstor. De dentro da faculdade esse texto é visualizável em sua integridade.
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    Se o responsável político* tem em vista o alcance do prazer e a esquiva da dor como finalidade, então é interessante que ele saiba o valor deles [prazer e dor].
    Se é interessante que ele [o responsável político] saiba o valor de dores e prazeres, então podemos procurar por alguma maneira de detectar a intensidade de dores e prazeres.
    *Utilizo o termo "responsável político" como a indicar a representação dum indivíduo que tem alguma forte responsabilidade com a comunidade.

    Nos escritos acima, parece estar implícita a ideia de que um comportamento benéfico e útil é aquele comportamento que se esquiva da dor e se aproxima do prazer. E, é possível estabelecer um valor para esses motivadores comportamentais [prazer e dor].
    Se podemos estabelecer um valor para esses motivadores comportamentais [prazer e dor], então podemos verificá-los em si mesmo e comparativamente.
    Se podemos verificá-los em si mesmo e comparativamente, então um responsável político também pode fazê-lo.
    Se um responsável político também pode fazê-lo, ele tem em suas mãos um interessante ponto de vista para guiar a comunidade ao mais útil e benéfico cenário.

    Para um individuo considerando a si mesmo, com os valores de prazer e dor considerados em si, os mesmos serão um o outro, em maiores ou menores, de acordo com as seguintes dimensões de valoração ("circunstâncias"):
    -Intensidade (quão forte?)
    -Certeza (quão preciso?)
    -Duração (quão longo?)
    -Propinquidade (quão próximo?)
    E são essas as dimensões de valoração que devemos considerar quando medimos o prazer e a dor em si, para um único sujeito. No entanto, estabelecer essas 4 dimensões básicas de valoração, não é o suficiente para se prever o possível EFEITO dum determinado comportamento ENTRE indivíduos. Sendo assim, duas novas dimensões de valoração são elaboradas, não como sendo derivadas do prazer ou dor em si, mas como derivadas de propriedades de CONSEQUÊNCIAS de ações produzidas.
    São essas dimensões:

    -Sua fecundidade, i.e. a chance de ser seguido por sensações do mesmo tipo. E.g. se prazer, então prazer; se dor, então dor.
    -Sua pureza, i.e. a chance de ser seguido por sensações do tipo oposto. E.g. se prazer, então dor; se dor, então prazer.

    (continua)

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  13. Do ponto de vista do prazer ou da dor EM SI, um prazer será sempre um prazer e uma dor, sempre uma dor, pois nada que se segue pode mudar a sensação percebida num determinado, único e individual momento no espaço-tempo. Porém, ao adicionarmos ao evento supracitado a variável da mudança no espaço ATRAVÉS do tempo é possível verificar a sobriedade ou produtividade conseqüente duma ação.
    Dentro dessa ideia, seria um comportamento "100% livre de impurezas", também um comportamento "100% fecundo"?
    Há ainda, uma sétima dimensão de valoração a ser considerada como relevante para medir e comparar as conseqüências de ação: sua PROPAGAÇÃO, i.e., quantos serão potencialmente afetados.
    Ao ver essa nova variável introduzida, penso no caso contemporâneo que temos com veículos jornalísticos em geral: é altamente recomendável que não se veicule informações sobre suicídio e, se veiculadas, não de maneira ostensiva, uma vez que, verifica-se um aumento na tendência de suicídios quando grandes veículos de informação divulgam o mesmo. Veículos de informação tem fortíssimo índice de propagação de informação.
    Agora que temos as sete variáveis definidas, podemos prosseguir com o método quantitativo ao arranjá-las em 5 ou 6 etapas, de acordo com o descrito por Bentham. É uma atividade interessante (e deveras problemática!) rearranjar valores dessas variáveis e ver o que acontece.

    Quando li sobre o processo de mensuração quantitativa do prazer e da dor, me lembrei de Alan Turing, da "máquina de Turing". Alan Turing, no fundo sugeria que a consciência pode surgir dum meio material - uma ideia muito à frente de seu tempo.
    Me lembrei desse processo, pois também imaginei Bentham como um indivíduo à frente de seu tempo, tamanha a abstração feita. Quem sabe não possamos, ao menos, tangenciar algum aspecto da realidade material usual através de tais quantificações.

    Obs 2: no que concerne à consciência, acredito que a mesma emerge a partir de meios materiais "não programados".
    E, ao apontar que todo o organismo deve ser “não programado” para que seja atribuído o valor “consciência” ao mesmo, estou apontando que o valor “consciência” não pode ser atribuído às máquinas existentes nos dias de hoje. Sustento essa minha posição ao ressaltar que a série de comandos meramente sintáticos que compõem o “repertório comportamental” da máquina não configuram, nenhuma manifestação de consciência, configurando apenas manifestações de simulação.

    FIM

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  14. “Nature has placed mankind under the governance of two sovereign masters, pain and pleasure.”

    É a partir desse princípio que se deve fazer qualquer tipo de consideração sobre o pensamento de Bentham. Como discutido anteriormente, o princípio de utilidade considera que a atitude moral é aquela que promove o maior prazer para o indivíduo e para a comunidade, ou aquela que evita o maior desprazer ou dor.

    A ideia de utilidade Benthamiana vem carregada de um teor quantitativo. Bentham formula um meio de se calcular o prazer, através de determinados aspectos (intensidade, duração, certeza, proximidade/longinquidade, fecundidade, pureza e extensão). A mensuração da felicidade faz a teoria rígida e estática, pois pouco se pode considerar além destes aspectos. E mesmo estes termos podem ser confusos. Tentemos comparar dois prazeres: Um muito intenso, e que dura pouco; e outro leve, que dure por muito tempo. Os meios de se quantificá-los não são claro no texto. E esse cálculo parece ainda mais confuso – e mesmo inviável - ao se considerar os outros aspectos

    Apesar da estática, a proposta de Bentham é muito mais clara e racional que a de Hume. A quantificação torna o prazer uma questão de aritmética e as atitudes a serem tomadas podem ser todas baseadas nesse cálculo. Se o que deve ser feito é maximizar o bem individual e coletivo, temos aqui uma tentativa de se dizer quais atitudes maximizarão mais ou menos a nossa felicidade e quais evitarão mais ou menos dores.

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  15. Retificação:

    Onde está escrito: "Alan Turing, no fundo sugeria que a consciência pode surgir dum meio material", leia-se: "Alan Turing, no fundo sugeria que a consciência pode surgir dum meio material que não o meio biológico"

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  16. Para Benthan vivemos sob o dominio de dois senhores "soberanos" a dor e o prazer.
    O princípio de utilidade diz que ao nos depararmos com uma escolha escolheremos aquela opção que que maximize nosso prazer. Mentalmente devemos levamos em consideração a
    intensidade,duração, certeza ou incerteza, proximidade no tempo ou longinquidade, fecundidade, pureza e a extensão.

    Acredito que nós sempre queremos maximizar a nossa felicidade e a das pessoas próximas que sentimos algum nível de afeição, mas não acredito que cada ser tenha em si vontade de maximizar a felicidade do maior número. A proposta utilitarista me parece bem otimista e realista, mas não gosto da ideia de colocar as afecções humanas em padrões de medidas, de quantificá-las, enquadrá-las, me parece que isso de alguma forma as diminui e empobrece. A vida é tão cheia de luz, nossos sentimentos são tão incrivelmente fortes e poderosos que encaixá-los dentro de um sistema matemático é triste e será falso e impreciso, pois não se conseguirá medir aquilo sentimos.

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  17. Bentham mudou o direcionamento do princípio da utilidade de Hume - que introduziu o empirismo às discussões morais - ao afirmar que a partir de medidas era possível tornar a moral uma ciência exata.

    Ao princípio da utilidade, Bentham também adicionou a ideia de que a humanidade está submetida ao domínio da dor e do prazer e são estes quem determinarão nossas decisões morais.

    Comportamentos como o ascetismo, a simpatia e a antipatia podem inverter o princípio da utilidade, pois são ações guiadas pela busca da felicidade mas que acabam gerando o mal estar. Monges que praticam o auto-flagelo são um exemplo de ascetismo, e pessoas que, por adesão ou repulsa de outrém acabam aprovando ou desaprovando determinada ação.

    As fontes da dor e do prazer podem ser de origem física (curso da natureza), moral(prazer e dor que provém de pessoas de influência na comunidade sem embasamento legal), religiosa (dor e prazer provém das determinações de uma mão invisível) e política (quando prazer e dor provém de autoridades governamentais).

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  18. Bentham começa sua "Introdução aos princípios da moral e da legislação" de forma a explicar, ponto a ponto, o princípio de utilidade, criado por Hume. Tal princípio, fora atualizado por Bentham e rebatizado como princípio da máxima felicidade, pelo fato da felicidade ser mais próxima do prazer, que é o alvo de todas as ações humanas. O prazer e o ódio são dois fatores que influem diretamente no princípio da máxima felicidade, poisos homens almejam o prazer e repudiam a dor; o útil traz a felicidade e a felicidade busca o prazer.

    A comunidade tem como interesse a felicidade aos seus cidadãos numa somatória do cálculo de prazeres de cada indivíduo, ou seja, a felicidade ou infelicidade individual somada a de todos os demais é que afirma se o interesse comunitário está sendo cumprido.

    O autor ainda demonstra, por meio de um dispositivo, que todos tem uma afinidade com esse princípio, apenas não sabem ainda. Faz com que seu interlocutor caia numa "armadilha" e perceba que o princípio da máxima felicidade é unânime.

    No capítulo IV, o autor apresenta instrumentos para se calcular o prazer. No âmbito individual são: (1) intensidade, (2) duração, (3) certeza ou incerteza, e (4) proximidade ou longinquidade no tempo; porém, quando queremos descobrir a tendência do ato pelo qual o prazer e dor são produzidos, adicionam-se mais duas ferramentas: (5) a fecundidade, que é a probabilidade do prazer e dor serem seguidos por sensações de mesma espécie, e (6) a pureza, que é a probabilidade do prazer e dor não serem seguidos por sensações de espécies contrárias. No âmbito coletivo, adicionam-se além destes, a (7) extensão, o número de pessoas pelas quais se estende o prazer ou dor.

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  19. “Nature has placed mankind under the governace of two sovereign masters, pain and pleasure. It is for them alone to point out what we ought to do, as well as to determine what we should do.”

    Bentham assim começa seu texto, “Introduction to the Principles of Morals and Legislation”, colocando todas nossas ações sobre o domínio de dois grandes senhores, a dor e o prazer. Para ele, todas as ações dos indivíduos são baseadas no Princípio da Utilidade, ou da maior felicidade, que mensura a quantidade de prazer e ausência de dor na avaliação da conduta humana.

    Entendo que Bentham propôs uma ética que tenta dar suporte não só ao comportamento individual, mas também à conduta coletiva. Todo indivíduo busca aumentar o seu prazer e diminuir a sua dor, mas também todo indivíduo, se puder, prefere o prazer que traga também a felicidade para o maior número de pessoas e que a dor atinja o menor número possível de pessoas.

    Assim como os colegas já disseram, tenho certo receio em perceber que de fato todo ser humano sempre busque a felicidade do maior número de pessoas possível. Claro que sempre nos é agradável a felicidade das pessoas que nos são próximas e que não desejamos a infelicidade de ninguém, mas será que quando nossos interesses estão em jogo de fato faríamos algo que seria melhor para a maioria mesmo que não fosse o melhor para nós mesmos? Também entendo que Bentham tenta criar uma ética empírica (inclusive fornecendo as variáveis para o cálculo do prazer/dor produzidos pelas nossas ações), mas tenho receio em acreditar que alguém sempre conseguiria manter essas variáveis em mente e fazer esse cálculo enquanto agindo. Não acredito que todas as nossas ações possam ser racionalizadas dessa forma, esse modelo me parece um tanto mecânico demais para enquadrar as ações dos seres humanos.

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  20. Bentham, ao explicar o princípio de utilidade e desenvolvê-lo em uma base empírica, tenta dar forma a todo tipo de conduta por base em sua capacidade de dar prazer ou dor, e assim separar as condutas que são moralmente aceitáveis e que trazem benefícios para a sociedade. se me adentrar ao desenvolvimento do assunto de forma racional e crítica poderia entrar em diversas questões e fundamentos que fugiriam a finalidade do autor que é sair o mais longe possível de toda a subjetividade da discussão da moralidade. Como acho essa fuga uma simplificação das condutas para o âmbito social e preceitos da época prefiro me atentar a parte positiva deste desenvolvimento. A teoria do princípio da máxima felicidade é um passo muito importante para a conceituação das ações de âmbito social jurídico e social. Discutindo do limites da individualidade moral seria necessário aceitar diversos preceitos que acabariam a retornar ao que mais Bentham estivera fugindo em todo o desenvolvimento em questão. Mas na parte política, nas decisões de nível ético perante grupos de pessoas, sociedade, é uma princípio extremamente funcional seu cálculo de felicidade ou dor. Isso confirma a minha posição de Bentham dentro desta discussão ter sido dentro de seus milites muito progressista e criticar o conservadorismo na revista das ações morais dos governante e se eles trariam felicidade ou não aos governados. A somas dos cálculos de prazer ou dor, assim como as noções de alcance,duração,intensidade... e sua forma tão mecânica me parecem plausíveis na discussão dos direitos e leis de uma sociedade, fora somente do âmbito pessoal de cada indivíduo onde acho que a subjetividade reina. O empirismo utilitarista tem a muito a mostrar ainda no ambiente social e jurídico.

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  21. Capítulo I
    A humanidade está sujeira a dois senhores: dor e prazer. O principio da utilidade se resume em aprovar ou desaprovar ações que causem prazer ou dor. O interesse da comunidade é o interesse de todos os indivíduos que a compõe e o interesse do individuo consiste em aumentar a soma dos prazeres e diminuir a das dores.
    Quando se age conforme o Principio de Utilidade, a tendência é que a felicidade da comunidade aumente, e o governo deve sempre agir em conformidade com o principio, assim como o individuo.
    A natureza humana impele o homem a aceitar o principio para que a partir deste, ele ordene suas ações e seu julgamento. Aqueles que brigam com o principio, o fazem por preconceito ou ignorância, e sempre com motivos falhos e incapazes de provar o erro do principio.
    Capítulo IV
    O legislador pretende evitar as dores e garantir os prazeres.
    O senso moral impede o homem de desejar ou aprovar ações que o levem ao sofrimento
    4 criterios utilizados para a analise da valoração de prazer e dor: intensidade, duração, certeza/incerteza e imediatismo/ausência de prazer imediato. Esses critérios devem ser analisados seguindo 2 circunstancias: fecundidade e pureza

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  22. “A natureza colocou a humanidade sob o governo de dois senhores soberanos, a dor e o prazer. Somente eles apontam o que devemos fazer, assim como determinam o que de fato faremos”. Esta frase de Bentham presente em seu livro Introduction to the principles of moral and legislation nos deixa claro o principio que dá base a teoria utilitarista, o princípio de utilidade.
    A teoria de Bentahm defende que o homem é governado pela dor e pelo prazer, a razão conduz o homem a procurar a felicidade e a se afastar do que lhe proporciona dor. Os autor utilitarista chega a teorizar um cálculo moral que determinaria a quantidade de prazer e dor presente em uma ação e através do cálculo ficaria evidente se a ação é moralmente correta ou não.
    O cálculo possuiria sete variáveis: a intensidade, a duração a certeza e a incerteza,a proximidade e ou a longinquidade no tempo, a fecundidade, a pureza e a extensão.

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