JEREMY BENTHAM

JEREMY BENTHAM
"NATURE HAS PLACED MANKIND UNDER THE GOVERNACE OF TWO SOVEREIGN MASTERS, PAIN AND PLEASURE. IT IS FOR THEM ALONE TO POINT OUT WHAT WE OUGHT TO DO, AS WELL AS TO DETERMINE WHAT WE SHOULD DO." (J. Bentham)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

TEMA 10. MILL VERSUS BENTHAM

Caros alunos,
Depois de ler o texto “Bentham”, de John Stuart Mill,  disponível em:


http://search.4shared.com/postDownload/hrkbyamf/John_Stuart_Mill__Bentham.html

ou
http://oll.libertyfund.org/?option=com_staticxt&staticfile=show.php%3Ftitle=241&chapter=21491&layout=html&Itemid=27

Elabore seus comentários e envie para o Blog. Vc. tem até as 24:00hs. do dia 03 de abril para realizar essa tarefa.

11 comentários:

  1. Pessoalmente, prefiro as ideias de Mill, talvez porque estas estejam mais próximas de nossos tempos. É interessante notar que ele guarda um grande respeito pelo “mestre”, sem deixar de “desafiá-lo” várias vezes. Talvez tenha haver com a ideia de que uma hora o discípulo deve enfrentar o seu mestre, mas devemos observar que essa visão exposta é como o Mill enxergava Bentham, e não como o Bentham era de fato.

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  2. Mill elogia Bentham como um dos maiores autores de seu tempo.
    Comenta sobre os trabalhos de Bentham: "Defence of Usury", Book Of Fallacies", "A Fragmento On Government" e "Introduction to the Principles of Morals and Legislation" dizendo que este último é o seu primeiro trabalho sistemático.
    Comenta sobre o grande conhecimento de mundo que Bentham possuía.
    Fala sobre o Deontology e faz referências ao "principle of utility" ou "‘the greatest-happiness principle".
    Diz que Bentham e S. Taylor Coleridge tem poucos leitores, mas tem sido os professores dos professores.
    Enfim, demonstra uma grande estima pelo seu mestre.

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  3. Ao observar as críticas feitas por Mill a Bentham percebemos que embora o díscipulo nutra profunda admiração por seu mestre, nem sempre concorda com suas ideias. Podemos dizer que segundo a interpretação de Mill, Bentham pecava por excesso. Esse excesso é dado pelo 'exagero racional' de considerar que todas as nossas ações são conscientes e comandadas pela razão. Faltaria um 'quê' de subjetividade tão cobrado pelos críticos de Bentham. Assim percebemos que houve um embate de ideias entre esses dois autores e que esse embate, de certa forma, tornou as discussões posteriores ainda mais frutíferas a medida que mostra duas faces de uma mesma questão.

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  4. Como no texto "What utilitarianism is", Mill não poupou Bentham de fortes críticas, mas criticou ainda mais fortemente aqueles que descartam a contribuição de Bentham para a humanidade.

    O que me chama a atenção na leitura do texto de Mill sobre Bentham é o constante jogo entre críticas e elogios que Mill utiliza para mostrar que de fato Bentham tinha determinados defeitos mas tinha também qualidades excepcionais.

    "If Bentham had merely continued the work of Hume, he would scarcely have been heard of in philosophy; for he was far inferior to Hume in Hume’s qualities, and was in no respect fitted to excel as a metaphysician."

    "Bentham had not these peculiar gifts; but he possessed others, not inferior, which were not possessed by any of his precursors; which have made him a source of light to a generation which has far outgrown their influence, and, as we called him, the chief subversive thinker of an age which has long lost all that stheys could subvert."

    Para Mill, Bentham não foi um grande filósofo como Hume,mas ele possuia uma mente prática que outros filósofos não possuiam, ele aplicava a capacidade de refutar absurdos metafísicos na refutação de absurdos práticos, algo que faltava na filosofia até então.

    Mill também elogia o caráter de Bentham, pois afirma que os absurdos práticos não eram desconhecidos por outros que exerciam e elaboravam a legislação, mas Bentham foi aquele que recusou lucros ilegítimos e absurdos cômodos, Bentham teve um caráter forte e decidiu exterminar os "enganos propositais" preservados até então.

    O que há de belo na filosofia de Bentham não está nas conclusões que ele tirou, mas sim no seu procedimento, na tentativa de resolver problemas práticos com rigor filosófico.

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  5. Uma coisa que sempre me chamou a atenção em Jeremy Bentham foi isso que Mill elogia no texto, o caráter prático de seu pensamento.

    Me parece que isso é a virtude que o meio intelectual hoje menos tem; Além de fazermos muita reciclagem e pouca produção, enterramos nossos produtos e os esquecemos, enquanto as discussões de grande relevância na sociedade - sobre a legalização do aborto, o estado laico,o papel do estado na economia e etc - são regidas por argumentos imbecis que sequer atingem a verossimilhança, e os nossos ilustres "formadores de opinião" se divertem com sua pseudo-intelectualidade, e em muitos casos com os frutos produzidos pelo grande rebanho.

    Embora eu não concorde com a ideia de "Rei filósofo", o fato da filosofia não ser capaz de dar plenas soluções aos males da sociedade significa que devemos desistir de usar o rigor filosófico na prática?

    "Se não podemos resolver tudo, é melhor desistirmos em absoluto, pois existem riscos e a vergonha do fracasso é insuportável" Esse é o argumento de quem isola a filosofia da prática, traduzido em termos diretos.

    Falta ao meio intelectual o que sobrava em Bentham. A academia não deveria se ocupar apenas de distribuir diplomas, mas sim de expor os absurdos vigentes.

    Mesmo se com uma exposição extrema dos absurdos a situação se manter,ainda assim aquele que tenta até esgotar suas energias e consegue alguma porcentagem do que pretendia é mil vezes superior ao cético venenoso.

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  6. O escrito analisado tem seu início mais sob a forma dum lamento elogioso do que puramente um elogio. Mill lamenta o fato de que duas mentes tão influentes para o Pensamento Inglês não sejam reconhecidas de maneira compatível à sua influência e excelência. Essas duas mentes são: Jeremy Bentham e Samuel Taylor Coleridge. Não pude deixar de me atentar ao trecho onde está escrito que tanto Bentham quanto Coleridge estão isolados do "intercourse of the world" e pensar na palavra "intercourse" como possuindo conotação sexual. Ao pensar nisso, imediatamente lembrei-me de cabeludos rumores sobre Bentham "playing with the kids", de acordo com o aprendido em aula. Evidentemente, também fiquei pensando se Coleridge não era outro que gostava da fruta e praticava tal comportamento.
    Após esse momento de reflexão, diria que tanto Bentham quanto Coleridge, aos olhos de Mill, são dignos do comentário de Edgar Allan Poe: "To define is to limit". Isto é, é até possível definir um dos filósofos como Progressista e outro como Conservador, mas tais definições aplicariam-se apenas ao início da carreira dos filósofos e ainda assim, categorizá-los dessa maneira apenas faria com que o raciocínio que colocamos sobre eles se perca numa categorização não-representativa.
    Olhando mais especificamente para Bentham, Mill assevera que o mesmo não apenas deixou um grande legado através de seu raciocínio, de seu método ou de seus argumentos. Seu legado, é transmitido também através de seus exemplos. Exemplos estes, que estimulam outros indivíduos a tomar caminho parecido. Bentham foi um indivíduo que questionou hábitos, leis e parâmetros da constituição então vigentes na Inglaterra e isso algo que deve-se tomar nota. Para Mill, Bentham foi o maior pensador crítico de sua época.
    A seguir, Mill fala sobre aquilo que não deve ser levado em conta (ao menos, não em primeiro plano), quando analisamos Bentham. Bentham não deve ser visto como um "filósofo do negativo", isto é, um filósofo que se preocupa mais em encontrar as incoerências do raciocínio vigente, do que as consequências daquilo que o mundo nos tem a oferecer. Aqui, Mill aproveita para citar Hume como um importante "filósofo negativo", que fez "análises muito mais finas" do que franceses ou alemães jamais fizeram.
    É claro, Bentham já seria notório se apenas estivesse proposto suas "filosofias negativas". Mas ele fez muito mais do que isso. Talvez uma camada de ignorância cegue o indivíduo que não contempla Bentham como um grande pensador da humanidade. Mas, para Mill, está claro que a mente "cultivada e instruída" não pode deixar de reconhecer Bentham.
    Mas qual o raio da contribuição de Bentham que deve ser cultuada? Veja:
    "It was not his doctrines which did this, it was his mode of arriving at them. He introduced into morals and politics those habits of thought and modes of investigation, which are essential to the idea of science; and the absence of which made those departments of inquiry, as physics had been before Bacon, a field of interminable discussion, leading to no result. It was not his opinions, in short, but his method, that constituted the novelty and the value of what he did,---a value beyond all price, even though we should reject the whole, as we unquestionably must a large part, of the opinions themselves."
    Em resumo, Bentham introduziu às discussões um método de investigação que as torna solúvel e, se me permite, não um cínico mar de bobagens, que não possui verdade material alguma. Novamente, algo a se tomar nota.

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    1. Errata: a frase que atribuo a Edgar Allan Poe,é na verdade de Oscar Wilde e pode ser encontrada no capítulo 17 do livro "O Retrato de Dorian Gray".

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  7. Mas que raio de método é esse? Veja:
    "Bentham's method may be shortly described as the method of detail; of treating wholes by separating them into their parts, abstractions by resolving them into things, classes and generalities by distinguishing them into the individuals of which they are made up"
    Está claro que tal detalhamento imposto pelo método de Bentham resultará num trabalho que se estenderá durante toda a vida de Bentham. E assim foi. Aliás, durou até mais do que a vida de Bentham, afinal de contas, ainda temos o auto-ícone do sujeito entretendo alunos e professores ao redor do mundo - seja observando o auto-ícone e refletindo sobre a filosofia por trás do mesmo, declarando o mesmo como "presente, mas não votante" em reuniões de colegiado, ou jogando uma boa e velha partida de futebol com a cabeça de Bentham.
    Esse método de Bentham permite que seja construída toda uma nova filosofia. A análise do objeto é feita sem que seja preciso levar em conta o que dizem os filósofos antecessores. No entanto, para contemplar um objeto, um indivíduo como um todo, devemos analisar todas as características que lhes são pertinentes. Se Bentham deixou qualquer elemento, característica, de fora de sua análise, a análise, então, não é perfeita e falhará a qualquer momento que essa característica ou elemento exercer maior força. É grande a contribuição de Bentham para o estudo da natureza humana, mas não é suficiente.
    Além disso, Mill coloca que Bentham deixa de lado a busca pela "perfeição espiritual" como fim do comportamento humano. Para Mill, é claro, tal comportamento está atrelado à sensação de prazer e conseqüente felicidade, mas merece análise à parte.
    E o que falar sobre as "verdades óbvias" que Bentham prova? Bem, em sua defesa, pode-se argumentar que, mesmo que essas verdades sejam óbvias, quando provadas a partir de interessantes métodos, podem demonstrar desdobramentos até então desconhecidos - e muito úteis.
    Na parte final do texto, me chama a atenção o fato de Mill dizer que Bentham é um apreciador das finas artes, em especial de Música, mas que Bentham é incapaz de notar como as artes podem modificar profundamente o senso moral do homem.

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  8. As críticas ferrenhas de Mill a Bentham só não são maiores do que as críticas feitas àqueles que desprezavam a contribuição de seu mestre para a ética. Na visão de Mill, Bentham não era tão competente quanto o seu predecessor, Hume, mas em sua maneira ele era um dos grandes mestres da filosofia por examinar a ética com rigor racional e empírico, embora Mill ache que esse rigor tenha sido excessivo.

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  9. Mill busca seu próprio caminho, suas próprias idéias, mas não sem antes elogiar seu Mestre e registrar seu profundo respeito por aquele que com certeza mereceria mais créditos/reconhecimento por seu legado segundo o autor.
    Concordo MUITO com o comentário do Henrique (e do Mill) em relação ao pensamento prático de Bentham, algumas de suas propostas podem ser absurdas (eu, particularmente acho a idéia do panopticon uma aberração. Acredito que presidiários tem direito a privacidade e a liberdade de cometer ações imorais, mesmo dentro de sua cela), mas o respeito que ele conseguiu de mim se deve a pro atividade de tentar implementar algo de fato, de tentar colocar a ética utilitária em prática. Ele acredita nos princípios utilitaristas tão fortemente que sai da análise teórica acerca do homem moral e social e procura possíveis aplicações práticas com a finalidade de educar pessoas “dentro” da ética utilitarista.
    Acredito que falta o destemor Benthamiano de tentar contextualizar os conceitos abstratos e os discursos acadêmicos a nossa realidade, parece-me cada vez mais claro que pela realidade negar/falsificar o que diversos filósofos aclamados propõem, a solução acaba sendo simplesmente manter esse debate (ético/moral) em nível acadêmico, restringindo-o a salas de aulas e grupos de pesquisa. Bentham ou por crença cega no utilitarismo ou por ingenuidade não trilhou esse caminho.
    Mill critica aspectos do utilitarismo de Bentham, como por exemplo, seu super-racionalismo que exclui a busca pela perfeição espiritual (segundo Mill todos os seres humanos desejam), se isso nos traz prazer obviamente nós devemos considerá-la, além disso, Bentham quantifica o prazer como já tínhamos visto e Mill os qualifica dividindo-os entre superiores e inferiores. Dessa maneira o aprendiz toma um rumo demasiadamente metafísico, mas que o consolida como utilitarista clássico.

    [off topic] Tenho dificuldades em rotular Bentham como filósofo, ele me parece um espírito livre, um pensador/observador/inventor ou doido, sei lá. Ao perambular por áreas distintas e não tendo “aquela velha opinião formada sobre tudo” ele conquistou minha simpatia.

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  10. Para ser demasiadamente sincero, eu preferiria não ter que falar do Mill. Muito embora eu concorde, no geral, com suas críticas a Bentham, eu tenho dificuldade de entender o Mill como um utilitarista para começo de conversa. Por incrível que isso possa parecer a quem acompanhe minhas intervenções nas aulas ou no blog, eu fico do lado do Bentham nessa. O fato (e acho que já externei essa opinião em aula) é que, a meu ver, Mill é em primeiro lugar um liberal, e apenas em segundo lugar um utilitarista. Aliás, eu suspeito mesmo que ele, menino frágil e afável, só insistia em se interpretar como um utilitarista por respeito a seu pai e a Bentham... (Normalmente eu sou avesso a interpretações psicologizantes como esta, mas, no caso de alguém como Mill, que tem uma relação muito complexa e pessoal com o utilitarismo, talvez não seja uma interpretação de todo impertinente.)
    De resto, chama-me muito a atenção o fato de que um autor declaramente anti-utilitarista como Charles Taylor esteja sempre se valendo do fato de que Mill é um autor da tradição utilitarista para mostrar que o utilitarismo é insustentável. Mill é a "maçã podre" do utilitarismo, por assim dizer...
    (Sei que vou ser linchado pelos millianos que leem o blog do professor Peluso, mas paciência. Tem vezes que é mesmo preciso dar uma de Popper, e interpretar os autores da história da filosofia mais segundo nossa convicção que segundo uma hermenêutica metódica e criteriosa.)

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